Quatro histórias para homenagear os pais da família da ginástica

09.08.2020  |    1.753 visualizações

Arquimedes, Ricardo, Carlos e Francisco: tem muito esforço deles na construção de trajetórias campeãs

Da Redação, São Paulo (SP) - Este é um Dia dos Pais que poderia ser melhor. A pandemia mantém afastados pais de filhos, avôs de seus netinhos. Mas os laços de amor que os unem permanecem firmes, e cabe à CBG lembrar algumas poucas, mas boas histórias sobre esses vínculos. É uma forma de homenagear não apenas alguns pais de famosos atletas das Seleções Brasileiras, mas os de todos os que descobriram como é bom cuidar bem de seus filhos, e de incentivá-los.

Começamos por Arquimedes Zanetti, pai do nosso único campeão olímpico, Arthur. Serralheiro dos bons, Arquimedes não apenas incentivou o filho como também construiu comportas de ferro que impediram que a água que descia de um campo de futebol ao lado do ginásio do SERC Santa Maria, de São Caetano do Sul, continuasse inundando as instalações onde Arthur se preparava para um dia poder brilhar nas argolas.

“Ele fez essas comportas e também montou vários equipamentos auxiliares, como cavalos com alças mais baixos, utilizados na iniciação da criançada. Ajudou muito a gente no começo. Alguns desses aparelhos têm mais de 20 anos de idade e continuam lá no ginásio, provando que o trabalho do meu pai foi muito bem feito”, diz Arthur, que se inspira no pai. O dono de duas medalhas olímpicas (ouro em Londres, prata no Rio), prepara-se para a chegada de Liam, primeiro filho dele e da esposa, Jéssica, prevista para meados de setembro. “Pego bastante coisa do que meu pai disse e fez e espero utilizar na criação do meu filho”.

Nem todos possuem as habilidades manuais de Arquimedes, mas isso não significa que seja menor o amor. Vitória Guerra, uma das componentes da Seleção Brasileira de Conjunto de Ginástica Rítmica, é toda reconhecimento a Ricardo Andrade, que se destacou como tocador de vuvuzela na arquibancada, em várias competições. “Meu pai, graças a Deus, SEMPRE foi um grande incentivador. Sempre ia aos meus treinos. Nas competições estaduais, estava sempre torcendo muito, todo empolgado. Se ele tivesse que escolher entre meus sonhos ou algo para ele, a escolha dele era eu. E ele fez isso muitas vezes, porque eu não tinha patrocinador. Um exemplo que mostra muito isso foi a mudança de emprego e estado para que eu não parasse de praticar o esporte”, diz Vitória, mineira de Belo Horizonte, que se mudou com a família para Porto Alegre para poder treinar no Grêmio Náutico União.

Carlos Palla, pai de Carlos Ramírez de Azevedo Silva Pala, dono de nada menos do que 18 títulos brasileiros de Ginástica de Trampolim, entre outras conquistas, não viajou de BH para a capital gaúcha. Mas levava o filho, do bairro carioca do Campo Grande, para o Colégio Militar, no bairro do Maracanã, todas as segundas, quartas e sextas, percorrendo 45 quilômetros. Tudo para que Ramírez Pala, como é conhecido o multicampeão, pudesse treinar em todos os dias da semana. Às terças e quintas, ele saltava no Centro Universitário Moacyr Sreder Bastos. “Só agora, que tenho a minha pequena Liz, de três anos de idade, é que entendo completamente como era grande o empenho do meu pai. Hoje vejo como é difícil pra mim chegar cansadaço do treino e ter que ir brincar de boneca com ela. Ele se sacrificava muito, e me serve de exemplo para ser um pai melhor”, diz o atleta, que perdeu Carlos em 2017. Carlos foi também fisioterapeuta do filho em várias viagens pela Seleção Brasileira.

Assim como Carlos deve muito a Carlos, Francisco deve muito a Francisco. Conhecido como Chico Barretto, o ginasta que trouxe dos Jogos Pan-Americanos de Lima duas medalhas de ouro individuais (cavalo com alças e barra fixa) e uma da competição por equipes, arrumou uma vaga para treinar nas excelentes instalações do COC (Colégio Oswaldo Cruz) de Ribeirão Preto graças ao pai. “Meu pai trabalhava como inspetor de alunos nessa escola, que tinha Ginástica Artística, e conseguiu me colocar lá. Eu ia com ele para o trabalho às 13h, fazia o meu treino e ficava esperando ele sair. Enquanto aguardava, eu brincava”, diz o Chico, que iniciou seus treinamentos aos 7 anos de idade.

Hoje em dia, quando pode, Francisco conversa muito com Francisco quando tem dúvidas sobre a educação de Francisco, o mais novo dessa linhagem. Os Barretto adoram pescar em Rio Pardo, momento de muita prosa. “Às vezes ele me passa sermão, às vezes me diz algo para que eu acorde, e tem momentos em que me dá força. É um paizão”, reconhece o campeão, cheio de amor nas palavras que chegam por telefone, de São Paulo. Feliz Dia dos Pais para todos!

 

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