No bolo que disputa a vaga olímpica, Camilla se prepara com foco em abril

13.10.2020  |    460 visualizações

Radicada nos EUA, a ginasta ficou menos tempo afastada do ginásio, e luta para atingir seu ápice técnico e físico visando à etapa de Brescia da Copa do Mundo

Da Redação, São Paulo (SP) - Treinar, treinar, treinar e batalhar pela classificação olímpica. Em essência, a luta de Camilla Gomes se resume a isso, com ou sem a covid-19. É claro que a pandemia complicou a execução do plano, mas o objetivo permanece o mesmo.

A competição que decidirá se Camilla disputará ou não os Jogos Olímpicos de Tóquio será a etapa de Brescia da Copa do Mundo, marcada para 23 e 24 de abril. O sistema de classificação é bem complicado, mas, de forma resumida, a atleta está num bolo de ginastas que podem aspirar a uma vaga via ranking.  Apenas quatro resultados das etapas da Copa serão considerados. Efetuados os descartes, ela soma 53 pontos, deixando para trás duas de suas principais concorrentes, a norte-americana Nicole Ashinger (52) e a australiana Jessica Pickering (50). A chance de classificação olímpica passa por um desempenho superior ao dessas duas adversárias na Itália – e com olhos atentos ao pelotão que vem atrás.

“Indo bem na Itália eu consigo me classificar, já que consegui colecionar pontos em três etapas em 2019”, diz Camilla, referindo-se ao 15ª lugar em Baku (Azerbaijão), ao 17º em Minsk (Belarus) e ao 14º em Khabarovsk (Rússia). A disputa olímpica reunirá 16 competidoras.

A vaga olímpica, na visão de Camilla, é importantíssima para que o esporte ganhe maior visibilidade no País. “Tento aumentar a exposição postando nossos treinos e imagens de competições nas redes sociais, para que o público passe a conhecer mais. Garanto que quem assiste é acometido de amor à primeira vista! A classificação olímpica, além de ser muito importante para mim, é valiosa para o esporte e para o Brasil, já que eu seria a primeira mulher brasileira a me classificar para uma Olimpíada na Ginástica de Trampolim. Por isso sigo forte nesse sonho, para que possa ir a Tóquio em 2021”.

Camila treina em Middleton, no estado norte-americano de Nova Jersey, já há alguns anos, e o período de isolamento obrigatório do ginásio foi menor, em comparação com o que se observou no Brasil. “Ficamos de dois a três meses longe do ginásio. Foi um período difícil, mas tive bastante ajuda. Consegui equipamentos para treinar em casa. A ideia da CBG, de organizar treinos pelo (aplicativo) Zoom também foi o máximo! Tudo isso com certeza ajudou. O trampolim é um esporte em que nada que a gente faça se compara com as acrobacias e saltos que fazemos num treinamento normal. Foi um pouco complicado, mas deu tudo certo e agora estamos de volta, superfelizes”.

Camilla avalia que não acusou grande decréscimo técnico devido à parada. “Não tive muito prejuízo, ainda bem. Acredito que, no nosso esporte, é mais determinante a cabeça do que o físico. Como mantive ao máximo o condicionamento físico graças aos treinos em casa, a maior lacuna foi na parte mental. Mas fomos com calma, um dia de cada vez. Saltar é como andar de bicicleta – a gente nunca esquece. Com pensamento positivo, focando num crescimento gradativo, já estou perto do nível que apresentava antes da pandemia”.

A sensação de voltar a saltar, segundo Camilla, foi emocionante. “É algo indescritível. Sinto-me livre, voando e feliz por fazer o que tanto amo”.

Por falar em amor, Camilla mora com o namorado, o norte-americano Steven Gluckstein – no Pan de Toronto, os dois competiram, cada qual por seu país. “Eu e o Steven nos conhecemos em 2012, em uma Copa do Mundo na Dinamarca. Em todas as competições existe uma festa de encerramento no último dia. Mesmo não falando bem o inglês, essa foi a competição em que nós, brasileiros, mais nos aproximamos dos americanos. Decidi vir aos EUA em 2014, para ficar três meses treinando. Entrei em contato com o irmão dele, Jeffrey Gluckstein, que conhece a treinadora Tatiana Kovaleva (russa que foi campeã mundial em 1996). Queria vir treinar com ela. Eles nos aceitaram de braços abertos. Com essa estada aqui, eu e o Steven fomos nos aproximando mais e mais. Com a nossa relação crescendo, veio também meu progresso no trampolim. Aí decidi ficar”, diz Camilla, que está bem satisfeita com a estrutura do ginásio em que faz seus treinamentos.

Infelizmente, a prova sincronizada não é olímpica. A dupla que Camilla faz com Alice Hellen ocupa hoje a quarta colocação no ranking da FIG – e chegou a ser a primeira, o que é impressionante, visto que elas não têm a oportunidade de treinar juntas com frequência, uma vez que Alice mora em Belo Horizonte. “Acho que terem juntado eu e Alice foi um tiro certo! Nossa técnica e força no trampolim são bem parecidas, então não tivemos tanta dificuldade de nos conectar em competição. Para ser sincera, acho que nós duas, além de surpreendermos nossos técnicos, surpreendemos a nós mesmas com esses resultados. Nossos ‘treinos’ são por celular. Nós conversamos diariamente e, por mensagens, vamos combinando séries, filmamos e mandamos uma para a outra. Marcamos o tempo com um cronômetro para saber se estamos fazendo na mesma altura, e assim vai”.

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