Na base do ziriguidum: Bárbara quer causar impacto ao som do samba

30.12.2020  |    1.108 visualizações

Nova série de fita da vice-campeã pan-americana terá trilha com som bem brasileiro

Da Redação, São Paulo (SP) - Durante o tempo em que passou em casa, nos meses de isolamento mais severo, Bárbara Domingos resolveu retomar um velho desafio familiar: pegou o cavaquinho do irmão, um grande fã de samba e pagode, e tentou aprender a tocar o instrumento. Não deu certo. “É muito difícil”, diz a ginasta responsável pela melhor colocação do Brasil nas disputas no Individual Geral em Campeonatos Mundiais. No entanto, parece que estava escrito em algum lugar que 2020 seria o ano do definitivo encontro da ginasta paranaense com o samba. Esse será o ritmo da nova coreografia de fita de Bárbara, que foi vice-campeã dos Jogos Pan-Americanos de Lima nesse aparelho.

“Estou bem otimista. Todas as minhas séries estão muito fortes”, diz a ginasta, que vai tentar classificação no Pan-Americano da modalidade, que será disputado em maio, nos EUA.

A treinadora da atleta, Marcia Naves, diz que já há algum tempo havia essa ideia, de montar a coreografia de Bárbara com base no ritmo brasileiro. “A Babi já estava havia dois anos com a mesma série de fita e queríamos mudar, mas estava difícil encontrar um samba bom, que encaixasse. Aí decidimos encomendar uma trilha para um produtor musical. O trabalho está em curso. Contratamos uma professora de samba para nos ajudar. Achamos que tem tudo para dar certo. Afinal de contas, a Babi é a cara do Brasil”.

Graças a indicações, chegou-se ao nome do músico Marcelo Vig. Baterista de origem, ele integrou na década de 90 a banda Tantra. No Brasil, já trabalhou com Gilberto Gil, Lenine, Lobão e Marina. No exterior, tocou para Avril Lavigne, Eminem e Will Smith. A essa bagagem, Vig acrescentou uma vivência no mundo do esporte: foi o produtor musical do Pavilhão 4 do Riocentro durante as disputas do badminton. “Foi uma experiência muito bacana. O esporte é um evento para a família, e a gente precisa se comunicar com o mundo inteiro”.

A experiência com música eletrônica é um trunfo importante na formação do compositor. “O ritmo musical, no caso, o samba, é o que dará identidade para a coreografia da Bárbara. Mas o beat faz a conexão com o público internacional e com os jurados”, diz Vig, que já foi casado com uma coreógrafa e é parceiro em um núcleo de compositores especializados em criação sob demanda, por exemplo, para trilhas e comerciais – ele já foi premiado no Festival Massimo Troisi, na Itália, em 2003, e teve uma de suas músicas incluídas na MTV norte-americana, no seriado My Life as Liz.

Para a montagem da coreografia, foi convocada outra fera: trata-se de Rhony Ferreira, que assina a coreografia que consagrou Daiane dos Santos no Mundial de Anaheim em 2003, ao som da salsa Para Los Rumberos, e aquela com que a gauchinha colecionou diversas medalhas em etapas da Copa do Mundo, embalada por Brasileirinho.

“A montagem de uma trilha sonora é uma cirurgia: a gente precisa cortar aqui, puxar ali. E desta vez tive que pedir as coisas ao produtor remotamente, o que adicionou complexidade”, diz Rhony.

À medida em que o trabalho vai tomando forma, toda a equipe de profissionais reunida vai constatando que a escolha do ritmo foi certeira. “Montar uma trilha significa vestir de música os movimentos de uma ginasta. Essas grandes competições, como Mundiais, Jogos Pan-Americanos e Olimpíadas são uma janela aberta para o mundo. Temos a oportunidade de mostrar nossas raízes, nossa cultura. Como temos uma ginasta capaz de sambar, sorrir e empolgar, por que não usarmos tudo isso a nosso favor? Teremos uma coreografia que vai casar bem com as características da personalidade da Bárbara. E o collant dela vai lembrar uma roupa de passista de escola de samba, remetendo ao nosso Carnaval”.

Por falar em escola de samba, a bateria da Enamorados do Samba, campeã do Carnaval de Curitiba em 2020, vai participar da gravação da trilha. Quando tudo estiver pronto, a série deverá sacudir. “Essas nossas criações vêm sendo bem aceitas pela comunidade da Ginástica. A gente consegue sair da mesmice que todo mundo apresenta. Antigamente, fazíamos tudo calcado nos cânones do Leste Europeu. Agora estamos expressando nosso jeito de ser, nossa cultura”, diz Rhony.

 

 

Leia também...
27.03.2024

Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Diogo Soares e Maria Eduarda Alexandre serão embaixadores da marca até o Campeonato Mundial de Ginástica Rítmica, em 2025

24.03.2024

Brasileiro ficou à frente de seus principais adversários na corrida pela classificação

21.03.2024

Tradicional competição juvenil em Berlim chega à 27ª edição

21.03.2024

Interação entre ginastas juvenis e adultos é apontado como fundamental para fortalecimento da Ginástica Artística Masculina