Brasileiras da GR renovam a confiança após etapa de Sófia

01.04.2021  |    899 visualizações

Na retomada das competições após mais de um ano, Natália Gaudio e Bárbara Domingos sentem que estão no páreo na luta pelas vagas olímpicas para Tóquio

 

Da Redação, São Paulo (SP) - Confiança renovada na luta pela vaga olímpica. É esse, segundo Natália Gaudio e Bárbara Domingos, o saldo que ficou da etapa de Sófia da Copa do Mundo de Ginástica Rítmica, que marcou a retomada das competições depois do fim de uma espera que durou um ano, por conta da pandemia.

A Copa do Mundo funciona como preparação das duas ginastas para o Pan-Americano, que será disputado em junho, no Rio de Janeiro. Na Arena Carioca, as brasileiras lutarão por uma vaga nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

Na classificação geral, Natália foi a melhor representante do continente americano depois de Laura Zeng e Evita Griskenas, ginastas dos Estados Unidos, que já tem direito a duas vagas individuais em Tóquio e não pode obter mais.

“Foi muito bom pra gente poder ter uma ideia das nossas adversárias, de como está o trabalho das meninas que estão disputando vaga no continente americano. Será uma disputa bem acirrada. Não tivemos a participação do Canadá, um adversário bem forte. Mas a gente espera que possa fazer essa comparação nas outras etapas da Copa, porque no Pan vamos estar disputando com Argentina, México e, principalmente, Canadá. Já deu pra ter uma noção pra sabermos como devemos nos preparar e o que precisamos melhorar daqui pra frente”, afirmou Natália.

Bárbara avaliou como positiva a sua participação, levando-se em conta todos os fatores envolvidos. “Tendo em vista que foi a primeira competição no ano, e que fiquei quase um ano e meio sem competir, minha colocação no individual geral foi boa. Sabíamos que eu não chegaria aos meus 100%. O que fiz foi o suficiente para uma primeira competição. Ainda por cima, acabei me lesionando ao chegar à Bulgária. Não foi nada grave, um estiramento de grau 1. Mas, querendo ou não, prejudica. Com certeza, o que fiz foi muito bem feito. Dei o meu máximo”, afirmou a vice-campeã dos Jogos Pan-Americanos de Lima na fita.

Natália obteve um notaço no arco: 23,050 – exatamente o resultado que ela e sua treinadora, Mônika Queiroz, haviam projetado. A capixaba ficou a apenas um décimo da eslovena Ekaterina Vedeneeva, a oitava e última a carimbar vaga para a final em Sófia, com 23,150.

“Fiquei muito feliz com o resultado do arco, por ter chegado tão perto da final e conseguido uma nota tão alta pra uma primeira etapa de Copa do Mundo depois de tanto tempo parada. O mais incrível é que a nota é exatamente o que a gente planejou. Treinei muito, mesmo durante aquele tempo em casa, nunca deixei de treinar. Traçamos as estratégias e planos justamente com o objetivo de conseguir uma nota bem alta. O resultado veio e foi a recompensa por tanto esforço. Agora estou com mais confiança pra poder lutar por uma vaga, que pode vir até mesmo nas próximas etapas. É possível, estamos muito perto, no caminho certo”, diz Natália, referindo-se às três vagas em jogo via ranking das etapas da Copa do Mundo. As três ginastas (de países que ainda não conseguiram duas vagas individuais) que somarem o maior número de pontos, computando-se Sófia, Tashkent, Baku e Pesaro (com um descarte) irão a Tóquio. Quando se tira da lista as ginastas de países que ainda não conseguiram duas vagas (Belarus, Bulgária, Israel, Itália, Rússia, Ucrânia e Estados Unidos) e as atletas repetidas de um mesmo país, Natália pula para o 16º lugar.

Deve-se levar em consideração que o resultado de Natália poderia ter sido ainda melhor. Ela foi prejudicada por um incidente bastante raro: havia uma poça d’água na Arena Armeets – a fita da brasileira molhou, o que mudou o peso de seu aparelho, complicando bastante o seu manejo. “É algo que não deveria acontecer numa competição tão grande, tão importante. Isso realmente me prejudicou muito, foi totalmente inesperado. A gente espera fazer nossa performance sem ter nada alheio que atrapalhe. Percebi na hora que tinha molhado a fita e minha sapatilha. Vi que aquilo poderia prejudicar o resto da minha série. Naquele momento, a minha cabeça não conseguiu mais se concentrar na coreografia. Só conseguia pensar no que fazer para não piorar a situação, que já estava complicada. Infelizmente, não pude repetir a minha coreografia, e a maior parte das pessoas achou isso incorreto. Deveriam ter dado essa chance pra mim e para as outras ginastas que se sentiram afetadas. Fita e água não combinam. É um aparelho que não tem condições de ser trabalhado se estiver molhado. Mas acredito também que foi uma lição tanto para a organização como para a ginástica mundial. Caso isso aconteça novamente, deve existir uma previsão de algo que deva ser feito. A resposta que tivemos é que, como não tinha nada previsto no código, nada poderia ser feito. A partir de agora, isso vai mudar por conta do que aconteceu comigo. Espero que seja uma mudança boa, para ficar algo positivo e não afetar outras ginastas. Acredito que vai passar a haver algo no código para impedir prejuízos às atletas em casos como esse”, disse Natália.

Contratempos à parte, Natália se sente animada para os próximos rounds. “A gente sentiu que é completamente possível essa vaga, porque eu fui a mais bem colocada do continente americano na classificação depois dos Estados Unidos, que já têm vaga. Então nosso objetivo é nos mantermos sempre coladas aos Estados Unidos, tentando chegar cada vez mais perto delas, porque sabemos que são as mais fortes do continente hoje”.

A representante do Brasil nas disputas individuais de GR nos Jogos Olímpicos do Rio acredita que a experiência pesou a seu favor no momento de retomada das competições depois de estiagem tão prolongada. “Eu me senti muito bem. Achei que seria mais difícil, mas acredito que a minha experiência nas quadras me ajuda muito. Já tenho 22 anos de carreira. Isso me deixa mais tranquila nesse retorno. Eu me senti muito à vontade, principalmente por ser na Bulgária, um país que eu amo, onde já competi e já treinei tantas e tantas vezes. Por ter tido esse retorno com o pé direito, acredito que nas próximas etapas terei desempenho ainda melhor. Agora estamos com gás total. Nossa garra e nossa força de vontade estão renovadas. Os resultados foram satisfatórios e nos deixam animadas para as próximas etapas”.

Mônika Queiroz acredita, pelo que viu em Sófia, que o nível técnico do Pan será muito elevado. “A América está num nível muito alto. Aplausos para nós, que também fazemos parte desse crescimento da modalidade no continente”.

Bárbara apreciou bastante o seu desempenho na fita – ela apresentou uma coreografia muito aguardada, ao som de samba, e causou ótima impressão. “O resultado da fita foi bem positivo. O fato de, logo na primeira apresentação, termos conseguido o 19º lugar significa que a série está mesmo muito boa. Quando todos os elementos estiverem bem afinados, poderemos melhorar ainda mais a colocação”.

A treinadora de Bárbara, Márcia Naves, também aprovou o desempenho de sua pupila na fita. “A primeira apresentação da série de fita agradou a todos e recebeu uma boa nota, mesmo sem ter sido apresentada com todos os elementos. Foi muito bem comentada e aprovada, causando o impacto que esperávamos”.

Márcia também está confiante, pensando no Pan do Rio. “Sófia foi um desafio e tanto. Depois de uma lesão que tirou a Bárbara dos treinos por cinco meses e de um ano e meio sem entrar na quadra, vimos o quanto de trabalho ainda temos pela frente, mas foi um primeiro passo para um desenvolvimento crescente”.

 

 

 

 

 

 

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