Do fascínio pelo esporte à criação de um legado na ginástica: a trajetória de Luciene Resende

05.03.2021  |    1.038 visualizações

Única mulher presidente de confederação de esporte olímpico do País se notabiliza pelo esforço pra transformar o cenário da modalidade

Da Redação, São Paulo (SP) - Apaixonada por esportes desde a adolescência, Luciene Resende foi atleta antes de se formar em Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe, aos 22 anos de idade. Quando descobriu a Ginástica Rítmica, Luciene mergulhou de cabeça, tendo feito inúmeros cursos, sem medir esforços para acumular conhecimento. A sergipana encarava viagens de três dias até o Rio de Janeiro para poder participar de cursos com Daisy Barros, um dos maiores nomes da história da GR e da Ginástica Para Todos do Brasil.

Essa jornada de Luciene em busca de conhecimento atravessou as décadas de 80 e 90. Ao longo dessa caminhada, ela participou de seminários, cursos, congressos e fóruns nas áreas de Esporte para Todos, Deficientes, Educação Física, Dança, Ginástica, Treino Desportivo, Musculação, Flexibilidade e Alongamento, dentre outros. Em 1996, Luciene completou uma pós-graduação em Administração e Supervisão Escolar pela Faculdade Pio Décimo. Naqueles anos, ela foi professora de Educação Física, Diretora de Escola, treinadora (inclusive da seleção sergipana), árbitra e Presidente da Federação Sergipana de Ginástica, plantando sementes de sua bem-sucedida carreira como gestora desportiva nacional e internacional.

Determinada, Luciene é conhecida como uma gestora que respira ginástica 24 horas por dia. Já nos anos 2000 seus feitos começavam a se destacar em nível nacional, passando, em consequência, a integrar a gestão desse esporte no Brasil. Em 2004, Luciene elegeu-se vice-presidente da Confederação Brasileira de Ginástica e, em 2009, iniciou sua trajetória como Presidente.

O bom trabalho feito no Brasil chamou a atenção de seus pares. Bem articulada, Luciene recebeu a confiança deles para ocupar cargos importantes em organismos internacionais, como o de vice-presidente da União Pan-Americana de Ginástica (UPAG) e o de membro do conselho da Federação Internacional de Ginástica (FIG), a entidade máxima da Ginástica Mundial.

A dirigente desdobrou-se inúmeras vezes nos papeis de chefe de delegação, anfitriã, membro do júri e conselheira em eventos e campeonatos por todo o mundo. Luciene consolidou uma reputação de mulher batalhadora e competente, que gerencia a Ginástica Brasileira e tem participação efetiva nas instâncias internacionais.

Durante a gestão Luciene, nossa Ginástica deu grandes saltos, posicionando-se em meio à elite internacional. Em 2012 o Brasil conquistou uma inédita medalha olímpica, e não poderia ter começado melhor: nossa primeira peça foi de ouro. Quatro anos depois, nossa modalidade foi uma das que mais contribuíram para o esforço olímpico brasileiro no Rio, ao subir três vezes ao pódio. Nos Jogos Sul-Americanos de 2018, em Cochabamba, a Ginástica destacou-se como o esporte que mais conquistou medalhas para a delegação brasileira. Nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019, a modalidade registrou sua melhor campanha na história, conquistando um total de 16 medalhas.

Em sua gestão, Luciene criou toda uma estrutura de apoio regular aos atletas, com treinadores capacitados constantemente e equipes transdisciplinares completas. É também durante o seu período como mandatária que se intensificou o processo de expansão da ginástica pelo Brasil. Foi realizada então a maior compra de aparelhos oficiais da história da maior fabricantes de equipamentos no mundo, a empresa alemã Spieth. Essa aquisição tornou possível o enraizamento da Ginástica Brasileira em todo o território nacional. Hoje, a CBG conta com 16 Centros de Alto Rendimento e 15 Centros de Excelência Caixa Jovem Promessa de Ginástica, estes últimos em parceria com o patrocinador da entidade num papel incrível de promoção da inclusão social através do esporte. Toda essa estrutura constitui um verdadeiro divisor de águas na profissionalização do esporte e na descoberta de novos talentos.

Toda essa dedicação no sentido de trabalhar a base do esporte se soma à luta para trazer grandes eventos para o Brasil e de popularizar a modalidade por meio de transmissões de eventos nacionais por streaming e de uma ação inovadora e ágil nas redes sociais oficiais da CBG.

Esses esforços foram reconhecidos amplamente por quem acompanha mais de perto a ginástica no Brasil. No final de janeiro, um colégio eleitoral formado por presidentes de federações estaduais, atletas e clubes deu mais um voto de confiança para Luciene, que recebeu 39 votos em 44 possíveis, o que representa mais de 90% dos votantes. Das 24 Federações, 22 votaram na Presidente; dos 12 atletas, 9 votaram no sentido do reconhecimento ao trabalho realizado; dos 8 clubes, dentre eles grandes clubes olímpicos do país, todos os 8 votaram pela continuidade da gestão. Serão mais quatro anos de muito esforço, sempre voltado para o crescimento da Ginástica do Brasil e para torná-la ainda mais inclusiva.

 

 

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