Da Redação, São Paulo (SP) - Ainda não existe uma definição do que venha a ser o “novo normal” a ser imposto em um quadro de arrefecimento da primeira onda de infecções provocada pelo novo coronavírus. Mas já se sabe qual é o novo normal da ginástica brasileira: quando a CBG abre as salas virtuais de compartilhamento de imagens para que o público acompanhe os treinos online, a lotação sempre se esgota. Nesta quinta-feira (4), foi a vez de a comunidade de ginástica acompanhar o trabalho de Natália Gaudio, da Seleção Brasileira Individual de Ginástica Rítmica – ela conquistou o bronze no individual geral nos Jogos Pan-Americanos de Lima.

Única representante do Brasil nas disputas individuais de GR na Rio 2016, Natália se preparava, antes da chegada do vírus ao País, com o objetivo de conquistar vaga para Tóquio-2020. Haveria duas oportunidades: via etapas da Copa do Mundo ou no Pan de Ginástica, então agendado para maio, na cidade de Orem, no estado norte-americano de Utah. A nova realidade imposta pelo SARS-CoV2 alterou radicalmente os planos.

Mas a GR não deixa a peteca - ou melhor - a maça, a bola, o arco etc cair. A comissão técnica da modalidade formatou métodos de treinamento que permitem à atleta manter o condicionamento, e isso foi demonstrado com a ajuda da câmera do laptop da atleta, posicionado na sacada do apartamento dela.

Segundo a treinadora de Natália, Monika Queiroz, a confiança de que o trabalho continuaria, a despeito das condições desfavoráveis, sempre a acompanhou. “Logo nos primeiros dias de confinamento, tive a certeza de que um novo caminho estava se abrindo. Ainda que, naquele momento, o cenário fosse preocupante, este grupo teve boas ideias que estão permitindo que continuemos fazendo um bom trabalho. Temos muitos corações batendo forte pela ginástica no Brasil. É isso o que acontece quando temos paixão, sinceridade e compromisso”, diz a treinadora. “Do limão pudemos fazer uma mousse”, acrescenta a profissional, indo além da limonada.

É esse tipo de atitude, segundo Monika, que fará a diferença para que se atravesse da melhor forma possível este período de pandemia. “Neste momento, a ciência busca caminhos para fazer face ao desafio que se coloca perante a humanidade. Nós, da GR, podemos estudar mais, trabalhar mais, e é isso o que estamos fazendo.

Juliana Fajardo, gestora esportiva do COB que atua junto à ginástica, destacou a desenvoltura que a CBG está conseguindo apresentar neste momento. “A gente tem comentado o quanto a CBG foi pioneira nesse tipo de treinamento online. Vocês foram as pessoas que se reinventaram, transformando o caos em oportunidade de desenvolvimento”.

As atividades tiveram início com os treinos físicos comandados pelo experiente e competentíssimo preparador Wilson Carvalho Filho, o Brutus. Em seguida, após uma série de demonstrações, que incluíram o manejo dos aparelhos, Natália apresentou uma versão reduzida de suas coreografias, adaptada ao espaço reduzido de sua sala.

“Foi tudo bem real. Vocês puderam ver até as broncas que levo do Brutus”, brincou Natália. “O mais legal é que estamos dando a oportunidade de muitas pessoas, que jamais poderiam ir ao nosso ginásio, de acompanhar nosso treino. É muito gratificante ter a oportunidade de levar essa atividade ao público que é tão apaixonado pela ginástica como nós”.